[Resenha] O Menino de Alepo - Sumia Sukkar


O Menino de Alepo || Drama || Sumia Sakkar || 240 || 2017 || Globo Alt 



Sinopse:
Esse romance, que se passa em meio à guerra da Síria, conta a história de um menino que sofre de Síndorme de Asperger e vive uma vida tranquila com a família em Alepo até estourar o conflito. Seus irmãos são convocados para o exército, seus pais desaparecem, a cidade encontra-se sitiada e ele e a irmã mais velha, sua melhor amiga e guardiã, tentam cruzar o país para tentar encontrar com os irmãos em Damasco. Quando a irmã acaba sequestrada por soldados do Estado Islâmico, o protagonista é obrigado a tentar se comunicar com o mundo através de cores, tintas e pinturas para chegar até seu destino, contando com a solidariedade das pessoas que encontra pelo caminho e encarando os horrores da guerra de forma muito peculiar e emocionante.



Q
uando vi a sinopse desse livro, fiquei me perguntando como um garoto poderia mover o mundo através de suas pinturas, e como, com as mesmas pinturas ele poderia despertar a bondade nas pessoas? E foi essa curiosidade que me levou a leitura, mas infelizmente esse livro não retrata bondade, e sim guerra, fé inabalável e um amor capaz de mover montanhas. Vem comigo.

Guerra significa perder o que você ama. Paz é o que sobra quando a guerra acaba.

Adam tem 14 anos e sofre do mal de Asperger, ( Síndrome de Asperger (SA), também conhecida por Transtorno de Asperger ou simplesmente Asperger é uma condição psiquiátrica do espectro autista caracterizada por dificuldades significativas na interação social e comunicação não-verbal, além de padrões de comportamento repetitivos e interesses restritos.) ou seja, Adam tem começo de autismo e o mundo para ele funciona de forma diferente. E tudo estaria normal se não fosse a explosão da guerra na Síria que acaba alcançando a cidade de Alepo e colocando toda a normalidade de Adam a prova.

Apesar de Adam ter 14 anos, seu raciocínio e sua “fala” parecem de uma criança de menos idade, e isso pode tornar a leitura um pouco complicada se você não tem o hábito de acompanhar um narrador infantil, como tive minha primeira experiência com Jack, até aqui estava tudo perfeito. Mas presenciar a guerra pelos olhos de Adam pode deixar as coisas um tanto quanto confusas.

Seu mundo esta sendo revirado, e isso aos olhos de Adam é um crime hediondo, sua família será separada e cada irmão passará por um trauma diferente no meio do contexto, quando enfim os que restaram se juntam é hora de partir, pois já não há mais o que esperar nas terras da família. O pai de Adam em meio ao caos começa a enlouquecer, e no meio de sangue, bombas e gente morta, a única coisa que não muda, é a forma com que Adam vê o mundo, puro, inocente e colorido.


Eu ficava perguntando a Baba o que o médico quis dizer com "minha condição", mas Baba não respondia. Sei que sou diferente porque falo diferente. Só não sei qual é a minha condição.


Quando me propus a ler O menino de Alepo, eu esperava algo no contexto de A cidade do Sol ou A pérola que rompeu a concha, dois livros dramáticos e históricos que tem seu enredo no meio da guerra, mas não foi isso que encontrei, e talvez essa decepção tenha sido o motivo de eu ter me arrastado pelas páginas do livro.

Adam tem asperger, sua narrativa é confusa, e apesar dele ser um menino extremamente inteligente, coisa que você percebe conforme ele vai narrando algumas coisas do cotidiano, em outros momentos ele se perdia, ou se desligava e fazia coisas insanas que eu sinceramente não conseguia entender ou sequer aceitar, como roubar sangue de um morto para pintar um quadro. No meio desse caos, acompanhamos a vida de vários personagens que rodeiam Adam, e a mais importante é Yasmine, a irmã que é praticamente uma irmã para ele.

Yasmine é sequestrada no meio da obra, e por alguns momentos podemos acompanhar alguns acontecimentos pela narrativa dela, o que trás um pouco de normalidade ao leitor, mas ainda sim são momentos de terror e violência, onde Yasmine se torna o exemplo da fé, uma fé que eu admirei, pois jamais a teria em tais condições.

A guerra fica escondida, assistindo o desenrolar pelos olhos de Adam, a coisa se torna as vezes intensa e as vezes confusa. O título condiz ao fato de que Adam vê as coisas com cores, ele capta os sentimentos das pessoas vendo auras coloridas, e assim cada capitulo terá como título uma cor, que dependendo da intensidade já lhe mostra o que esperar dos acontecimentos.

A leitura foi arrastada, tanto pela narrativa de Adam que deixa confuso, quanto pela escrita da autora que não me instigou o suficiente para me manter presa, mas ainda sim, missão dada é missão cumprida, então segue o baile.

Para quem curte livros com narrativas infantis, cenários de guerra, e conteúdo histórico e realista, O menino de Alepo pode ser para você, lembre-se essa é minha opinião, e o que não rolou para mim, pode te levar bem longe!!!



Enviar um comentário

0 Comentários