[Resenha] Menina Boa Menina Má - Ali Land

Menina Boa Menina Má || Ali Land || Thriller Psicológico , Crime , Suspense e Mistério || 376 || 2018 || Record  

Sinopse:
Os corações das crianças pequenas são órgãos delicados. Um começo cruel neste mundo pode moldá-los de maneiras estranhas Nome novo. Família nova. Eu. Nova. Em folha. A mãe de Annie é uma assassina em série. Um dia, Annie a denuncia para a polícia e ela é presa. Mas longe dos olhos não é longe da cabeça. Os segredos de seu passado não a deixam dormir, mesmo Annie fazendo parte agora de uma nova família e atendendo por um novo nome — Milly. Enquanto um grupo de especialistas prepara Milly para enfrentar a mãe no tribunal, ela precisa confrontar seu passado. E recomeçar. Com certeza, a partir de agora vai poder ser quem quiser... Mas a mãe de Milly é uma assassina em série. E quem sai aos seus não degenera...


Logo que vi a capa e a sinopse desse livro, pensei: preciso dele para ontem,  assim fui atrás do e-book e furei todas as filas possíveis. Não podia ter tomado uma decisão melhor, eu esperava muito e recebi bem mais dessa história de arrepiar os pelinhos do braço e fazer a alma correr pra fora do corpo. Imaginou?

Quando se está machucado, a gentileza faz doer ainda mais.

Anne tem algo a revelar, depois de perder todas as esperanças e criar coragem, ela entregou a mãe para a polícia, ela mereceria pagar pelos crimes e Anne merecia uma vida melhor. Agora adotada, com um novo nome, Millie se vê enfrentando as dificuldades de se adaptar a uma nova vida e um novo lar.

Apesar de ter denunciado a mãe, a menina ainda vive na sombra da mesma, uma sombra cruel que atormenta e confunde, ao mesmo tempo que sente raiva, sente saudade. Será que a maldade é genética? Ou o convívio pode alterar o caráter?

Menina Boa Menina Má é narrado em primeira pessoa, através dos olhos de Anne/Millie, vamos conhecer sua história, saber o porquê sua mãe foi entregue a polícia, e ao mesmo tempo vamos acompanhar a confusão mental da menina que já não sabe mais se é boa ou ruim, e ao mesmo tempo, o leitor não saberá mais se Millie é realmente tão inocente quanto parece.

Toda a confusão é proposital e necessária, Anne acredita que fez a coisa certa, ela já não aguentava mais a mãe, não aguentava mais assistir pelo buraco na parede as atrocidades que ela fazia, não aguentava mais servir de fantoche em suas emboscadas, e ainda sim ela sente falta, falta da única mãe que ela conheceu, falta do único amor ao qual ela teve acesso.

Achei que você seria menos dona de mim depois que eu a entregasse, mas às vezes tenho a sensação de que é ainda mais.

Enquanto Anne sofre sozinha com subconsciente tentando entender se é boa ou ruim, se é tão parecida com a mãe quanto a mesma gostaria que fosse, ela vai se preparando para o dia do embate, o dia do julgamento quando enfim ficará cara a cara com aquela que ela já não sabe mais se ama ou odeia, mas acrescente a tudo isso adolescentes frias e cruéis, essas são Phoebe e sua turma, meninas más que atormentam a vida de Anne e conseguem trazer à tona o seu pior.

A história construída por Ali é intensa, pesada e até mesmo suja, os conceitos colocados em debate são intensos e reflexivos, o quanto uma criação, um abuso psicológico sexual podem afetar a vida de uma criança? Quanto os adolescentes conseguem ser cruéis enquanto os adultos acreditam que é tudo uma leve rebeldia? E até onde o ser humano é capaz de ir quando levado ao seu limite? Anne só queria fazer parte daquela nova família, ser amada incondicionalmente sem abusos, e ela sabia o que precisava fazer para se manter ali.

Eu sou de verdade. Você pode me ver, pode me tocar, mas fique sabendo que, de onde eu venho, isso aqui é só aquecimento.

Toda a narrativa é intensa, Anne é confusa, e o fato do livro ser narrado em primeira pessoa, faz com o que o leitor acompanhe as nuances de personalidade da adolescentes, sua confusão e seus medos, por muitos momentos me peguei assustada com as coisas que ela pensava e analisava, em outros consegui me ver nas inseguranças. E com relação a Phoebe, a autora conseguiu construir uma personagem capaz de levar até mesmo o leitor ao limite, em muitos momentos me vi desejando que Anne voasse no pescoço dela e socasse ela até apagar, mas então a personagem se mantinha serena e me deixa confusa me sentindo a menina má.

Menina Boa Menina Má é um livro intenso, com uma narrativa viciante e história pesada e dilaceradora, mergulhe nessa narrativa, mas esteja preparado para ver e ouvir as atrocidades que só uma adolescente ferida brutalmente pode pensar.

Uma leitura que super indico para os amantes de Thriller psicológico, e para aqueles que entendem que o cérebro pode ser uma enorme armadilha.



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