A Pérola que Rompeu a Concha | Nadia Hashimi | Ficção , Literatura Estrangeira , Drama | 448 || 2017 | Arqueiro
Sinopse:
Filhas de um viciado em ópio, Rahima e suas irmãs raramente saem de casa ou vão à escola em meio ao governo opressor do Talibã. Sua única esperança é o antigo costume afegão do bacha posh, que permite à jovem Rahima vestir-se e ser tratada como um garoto até chegar à puberdade, ao período de se casar. Como menino, ela poderá frequentar a escola, ir ao mercado, correr pelas ruas e até sustentar a casa, experimentando um tipo de liberdade antes inimaginável e que vai transformá-la para sempre. Contudo, Rahima não é a primeira mulher da família a adotar esse costume tão singular. Um século antes, sua trisavó Shekiba, que ficou órfã devido a uma epidemia de cólera, salvou-se e construiu uma nova vida de maneira semelhante. A mudança deu início a uma jornada que a levou de uma existência de privações em uma vila rural à opulência do palácio do rei, na efervescente metrópole de Cabul. A pérola que rompeu a concha entrelaça as histórias dessas duas mulheres extraordinárias que, apesar de separadas pelo tempo e pela distância, compartilham a coragem e vão em busca dos mesmos sonhos. Uma comovente narrativa sobre impotência, destino e a busca pela liberdade de controlar os próprios caminhos.
A
s pessoas costumam me perguntar se gosto de histórias tristes, já que de tempos em tempos me encontro com algum exemplar que remota a épocas e civilizações controversas aos nossos costumes, meus preferidos estão sempre incluídos nesse contexto, e minha resposta será sempre não, não gosto de histórias tristes, mas gosto de abrir meus olhos para realidades adversas e assim aprender a dar valor a tudo que tenho por mais ínfimo que seja, e assim foi com A pérola que rompeu a concha.
Nessa obra vamos conhecer a história de duas mulheres distintas separadas por séculos de existência, Shekiba e Rahima, tatataravó e neta ligadas apenas por sua situação peculiar e pela cultura do lugar onde nasceram.
Raihma é uma jovem de 13 anos que vê sua história se inverter quando sua tia sugere que ela seja transformada em uma Basha posh para ajudar sua mãe, isso seria, transformá-la em um menino, colocar roupas masculinas e um corte de cabelo curto, viver e presenciar uma liberdade destinada apenas aos homens do Afeganistão.
Conduzida pela história de sua tatatravó, Raihma vai aprender e se deliciar com os encantos de ser um menino, a liberdade de poder sair de casa, estudar, olhar as pessoas nos olhos e melhor que isso, correr e brincar livremente pela sua aldeia. Mas quando seu pai num acesso de raiva decide que sua casa tem mulher demais e que elas precisam se casar, a menina vê sua liberdade escorrer pelos dedos, ela agora é uma menina novamente e tem deveres a cumprir com seu marido três vezes mais velho e sua família que a trata como uma escrava e não como uma esposa.
O livro é narrado em primeira pessoa alternando entre as histórias de Shekiba e Raihma, as duas relatando para nós sua dura vida por baixo das burcas no Afeganistão, e a liberdade que apenas uma roupa e um adjetivo podem proporcionar a essas duas mulheres distintas.
Apesar de entender que a história de Shekiba foi o impulso que Raihma precisava para dar continuidade na sua e se manter forte em seus princípios, no final achei que podiam ser dois livros separados. Apesar das duas mulheres em algum momento terem se tornado meninos, suas histórias são diferentes, e essa separação poderia ter sido trabalhada com mais afinco, mas ainda sim o livro retrata temas marcantes como casamento na infância, agressão doméstica, guerras e conflitos políticos entre outros.
As duas mulheres possuem pensamentos que não condizem com sua época nem com seu gênero, já que no Afeganistão mulher não foi feita para pensar ou falar. Imaginar que até o atentado de 11 de setembro essa terra era desconhecida, e que mesmo hoje os costumes violentos e desumanos ainda acontecem, e isso me faz questionar se realmente evoluímos tanto quanto pensamos, fechar os olhos para o outro só porque minha realidade é melhor não me torna de forma alguma uma pessoa melhor.
E é por isso que continuo lendo livros tristes. Em A pérola que rompeu a concha assim como em A Cidade do Sol (leia aqui), a autora relata com maestria as atrocidades vividas por essas mulheres pelo simples fato de serem mulheres, e me arrisco a dizer que Nadia possa se igualar a Khaled e trazer para o mundo mais histórias espetaculares que relatem aquilo que os jornais não nos mostram.
Essa obra é um trabalho sensível, repleto de estudo e com um contexto real, um romance que nos mostra que não importa o quanto achemos que tudo está ruim, ainda sim devemos agradecer pois existem situações bem piores.
Com personagens fortes e cativantes, decididas e muita acima de sua época Nadia nos apresenta duas mulheres que vão ensinar o leitor a dar valor aos mínimos detalhes da vida. Um livro sensível e tocante que deve ser lido, com uma edição bonita e muito bem diagramada e revisada, um livro que merece ocupar um lugar na sua estante.
Nessa obra vamos conhecer a história de duas mulheres distintas separadas por séculos de existência, Shekiba e Rahima, tatataravó e neta ligadas apenas por sua situação peculiar e pela cultura do lugar onde nasceram.
Raihma é uma jovem de 13 anos que vê sua história se inverter quando sua tia sugere que ela seja transformada em uma Basha posh para ajudar sua mãe, isso seria, transformá-la em um menino, colocar roupas masculinas e um corte de cabelo curto, viver e presenciar uma liberdade destinada apenas aos homens do Afeganistão.
Conduzida pela história de sua tatatravó, Raihma vai aprender e se deliciar com os encantos de ser um menino, a liberdade de poder sair de casa, estudar, olhar as pessoas nos olhos e melhor que isso, correr e brincar livremente pela sua aldeia. Mas quando seu pai num acesso de raiva decide que sua casa tem mulher demais e que elas precisam se casar, a menina vê sua liberdade escorrer pelos dedos, ela agora é uma menina novamente e tem deveres a cumprir com seu marido três vezes mais velho e sua família que a trata como uma escrava e não como uma esposa.
O livro é narrado em primeira pessoa alternando entre as histórias de Shekiba e Raihma, as duas relatando para nós sua dura vida por baixo das burcas no Afeganistão, e a liberdade que apenas uma roupa e um adjetivo podem proporcionar a essas duas mulheres distintas.
Apesar de entender que a história de Shekiba foi o impulso que Raihma precisava para dar continuidade na sua e se manter forte em seus princípios, no final achei que podiam ser dois livros separados. Apesar das duas mulheres em algum momento terem se tornado meninos, suas histórias são diferentes, e essa separação poderia ter sido trabalhada com mais afinco, mas ainda sim o livro retrata temas marcantes como casamento na infância, agressão doméstica, guerras e conflitos políticos entre outros.
Às vezes as mulheres são humilhadas demais, chutadas demais e não há saída para elas(...)
As duas mulheres possuem pensamentos que não condizem com sua época nem com seu gênero, já que no Afeganistão mulher não foi feita para pensar ou falar. Imaginar que até o atentado de 11 de setembro essa terra era desconhecida, e que mesmo hoje os costumes violentos e desumanos ainda acontecem, e isso me faz questionar se realmente evoluímos tanto quanto pensamos, fechar os olhos para o outro só porque minha realidade é melhor não me torna de forma alguma uma pessoa melhor.
E é por isso que continuo lendo livros tristes. Em A pérola que rompeu a concha assim como em A Cidade do Sol (leia aqui), a autora relata com maestria as atrocidades vividas por essas mulheres pelo simples fato de serem mulheres, e me arrisco a dizer que Nadia possa se igualar a Khaled e trazer para o mundo mais histórias espetaculares que relatem aquilo que os jornais não nos mostram.
As pessoas que são atingidas pela tragedia uma, duas vezes, estão fadadas a sofrer outra vez. O destino acha mais fácil refazer o mesmo caminho.
Essa obra é um trabalho sensível, repleto de estudo e com um contexto real, um romance que nos mostra que não importa o quanto achemos que tudo está ruim, ainda sim devemos agradecer pois existem situações bem piores.
Com personagens fortes e cativantes, decididas e muita acima de sua época Nadia nos apresenta duas mulheres que vão ensinar o leitor a dar valor aos mínimos detalhes da vida. Um livro sensível e tocante que deve ser lido, com uma edição bonita e muito bem diagramada e revisada, um livro que merece ocupar um lugar na sua estante.
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