Fera || Ficção , Jovem Adulto , LGBT , GLS || Brie Spangler || 384 || 2017 || Seguinte
Dylan não é como a maior parte dos garotos de quinze anos. Ele é corpulento, tem quase dois metros de altura e tantos pelos no corpo que acabou ganhando o apelido de Fera na escola. Quando ele conhece Jamie, em uma sessão de terapia em grupo para adolescentes, se apaixona quase instantaneamente. Ela é linda, engraçada, inteligente e, ao contrário de todas as pessoas de sua idade, parece não se importar nem um pouco com a aparência dele. O que Dylan não sabe de início, porém, é que Jamie também não é como a maioria das garotas de quinze anos - ela é transgênera, ou seja, se identifica com o gênero feminino, mas foi designada com o sexo masculino ao nascer. Agora Dylan vai ter que decidir entre esconder seus sentimentos por medo do que os outros podem pensar ou enfrentar seus preconceitos e seguir seu coração.
Dylan tem 15 anos e sofre de baixa auto estima, mas isso não se resume apenas há um sintoma da puberdade pelo qual todos já passamos. Com apenas 15 anos nosso protagonista já alcançou seus 2 metros de altura, e se isso já não bastasse para torná-lo diferente, ele ainda sofre com pelos em excesso, Dylan é muito peludo, e por mais que faça sua barba diariamente, parece que seu corpo sofre de um tipo de crescimento descontrolado, e é nessa hipótese que ele se apega todos os dias.. talvez ser doente ajude a encarar a realidade.
(...)Quando sua imagem é o oposto da imagem que as pessoas têm de inocência, sem qualquer sinal de olhos arregalados ou bochechas de querubim, você acaba suspirando e dando de ombros com bastante frequência.
Como todo adolescente, Dylan já recebeu seu devido apelido no ensino médio, Fera, e o fato de ter JP como seu melhor amigo é o que alivia seu dia a dia, até que JP sacaneia o Dylan raspando seu cabelo, e na mesma semana o colégio proibiu o uso de boné nas dependências da escola, sem seu escudo o mundo de Dylan começa a desmoronar, e é no meio desse caos que ele cai do telhado e fratura uma perna, o problema é o que o médico acredita que Dylan tentou suicídio e o encaminha para uma terapia de grupo e é lá que ele conhecerá Jamie.
Jamie é uma jovem de 15 anos que assim como todos os outros da terapia, sofre de algum problema, mas no caso dela, a única coisa que ela esta fazendo, é tentando lidar com sua situação, Jamie é uma transsexual e precisa lidar diariamente com o preconceito daqueles que se consideram "perfeitos e normais". Mas apesar de toda essa barra, ela não se deixa atingir e vive sua vida da forma mais plena possível, ela é de uma grande sensibilidade, possui como hobby o amor por fotos e vai ensinar a Dylan uma nova forma de ver o mundo.
Odeio, não, desprezo a mim mesma por querer viver um conto de fadas.
Confesso que do livro a personagem que mais me encantou foi Jamie, por sua força, sensibilidade e independência, sua história não é nada fácil, e ainda sim, todas os momentos em que ela aparecia o enredo se tornava leve. Apesar de entender os problemas de Dylan com sua aparência fora do padrão, foi difícil me apegar ao personagem, durante toda a leitura ele se mostrou dramático e chorão, tornando o enredo pesado, o único momento com o qual sua atitude seria justificada, é quando ele descobre que Jamie é um menino, afinal ele tem 15 anos, gosta de meninas, mas não consegue entender como Jamie pode ser uma tendo uma genitália masculina.
Gosto da ideia de cada vez termos mais conteúdo LGBT nas livrarias, o homossexualismo e suas variações já vistas diariamente, mas é preciso que as pessoas entendam e respeitem o próximo e sua diferença, e nessa obra a autora nos mostra isso com muito carinho, não só por Dylan fugir do padrão adolescente, mas principalmente por Jamie.
— Só queria que você soubesse que não está sozinho. — Ela encosta o nariz no meu ombro. — Caso se sinta grande demais, saiba que é só porque às vezes o mundo é meio pequeno.
Apesar da leitura ter um enredo muito bacana, sinto que ele poderia ter sido mais bem aproveitado, se Dylan fosse menos dramático, a situação de Jamie poderia ter ganhado um destaque bem maior e poderia ter servido ao propósito que para mim era o principal, educar o leitor sobre o termo Transgênero.
A leitura foi um pouco arrastada, a escritora escreve bem, mas o personagem não ajudou, apesar de ser considerado uma adaptação de A bela e a fera dos tempos modernos, só me dei conta disso no final da leitura.
Apesar de ter esperado bem mais da oba, ela não é de toda ruim, como já disse, o tema é muito bacana e Jamie faz bem o seu papel, ela conquista o leitor e nos mostra sua dificuldade aos poucos, com garra e muita feminilidade e acima de tudo sem perder o rebolado. Leitura indicada para quem conhece e principalmente não conhece o tema.
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