O ano da Graça || Kin Liggett

O Ano da Graça || Distopia , Jovem Adulto , YA || Kin Liggett || 356 || 2019 || Editora Alt 

Sinopse:
Tierney James vive no Condado de Garner, uma sociedade patriarcal onde as garotas aprendem desde cedo que sua existência é uma ameaça.
Lá, acredita-se que jovens mulheres detêm poderes obscuros e, por isso, ao completarem dezesseis anos, são enviadas a uma espécie de campo de trabalho, no qual devem permanecer durante um ano para se “purificar”.
Mas nem todas retornam vivas e as que voltam parecem diferentes. No Condado de Garner, é proibido falar sobre o Ano da Graça. Mas Tierney está pronta para subverter as regras.

Tierney James se recusa a aceitar as coisas como são, desde pequena foi criada pelo pai com uma liberdade que é negada a todas as mulheres do seu condado, e isso fez com que a jovem tivesse ideias e opiniões que vão contra tudo aquilo que seu povo acredita ser certo.

Em Garner, as mulheres são consideradas objetos perigosos, tratadas como um pecado e apontadas por nossa matriarca Eva, os homens acreditam que as mulheres são culpadas de tudo e devem pagar pelos seus erros, além claro de afirmarem sermos bruxas, seres dotadas de poderes sobrenaturais que se expandem aos 16 anos. E é por isso que todas as garotas que completam essa idade são enviadas a uma área de exilo, para se purificarem de seus poderes malignos e retornarem aos seus lares puras e castas, prontas para se tornarem esposas e mães.

Seus olhos estão bem abertos, mas você não enxerga nada.

Tierney não concorda com nada disso, ela nem seque acredita possuir magia, mas independente de sua opinião, ela precisa ir com as outras meninas, ou todas as suas irmãs serão jogadas na lavoura para trabalhar ou largadas as margens dos rios para virar alimento dos selvagens. Nossa protagonista não sabe o que a espera do outro lado dos portões do condado, mas seja o que for ela irá lutar com todas as suas forças para voltar para casa e mudar o destino das próximas mulheres.

Nada é dito sobre O ano da Graça, as mulheres que já passaram por ele mantém segredo de tudo, nada pode ser revelado para aquelas que ainda passarão pela purificação. Envoltas em segredo e machismo, silenciadas por castigos, elas só podem imaginar o que vem pela frente, mas uma coisa é certa, quase nenhuma delas se recupera.

Somos proibidas de sonhar. Os homens acreditam que os sonhos são uma forma de escondermos a nossa magia. Sonhar por si só já bastava para que eu fosse punida, mas se descobrirem com o que sonho, eu iria para a forca...

Todos os personagens são construídos em cima do preconceito e da falsa crença de que as mulheres são perigosas, apesar da capa rosinha e delicada, a obra levanta assuntos polêmicos e pesados de forma disfarçada, como o poder da mulher de falar, de escolher seu futuro, de mandar no seu próprio corpo, mas de todos os pontos colocados em discussão o que fica mais claro a obra inteira é a disputa das mulheres contra elas mesmas em todos os âmbitos.

Confesso que esperava beeem mais do livro, e que em muitos momentos a narrativa deixou a desejar e chegou até a se tornar confusa, mas com o passar das páginas e os plot twits se torna confortável e até instigante acompanhar a trama. O enredo é uma mistura de O conto da Aia e Vox, mas não se iludam, enquanto esses dois são extremamente claros em sua crítica, O Ano da Graça deixa tudo nas entrelinhas.

Se você gosta de personagens que evoluem no decorrer da trama e enredos com reviravoltas inesperadas, esse é o seu livro.

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